O QUE É O EVANGELHO?

INTRODUÇÃO

E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no Evangelho. (Marcos 1:15)

Alguns dizem que o Evangelho é uma bênção de Deus manifestada na prosperidade financeira. Outros descrevem o Evangelho como seguir a Cristo e buscar a santidade. Embora esses possam ser alguns temas bíblicos, nenhum deles é o Evangelho.

O apóstolo Paulo explica o que é “antes de tudo” o Evangelho:

“Irmãos, venho lembrar-vos o EVANGELHO que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; POR ELE TAMBÉM SOIS SALVOS, se retiverdes a palavra tal como vos preguei, a menos que tenhais crido em vão. ANTES DE TUDO, vos entreguei o que também recebi: QUE CRISTO MORREU PELOS NOSSOS PECADOS, segundo as Escrituras, e que FOI SEPULTADO E RESSUSCITOU ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15:1-4).

Sendo assim, o que é o Evangelho? O Evangelho é a boa notícia da parte de Deus, que anuncia, nas palavras de Paulo, em primeiro lugar, que CRISTO MORREU PELOS PECADOS DOS HOMENS. A Bíblia diz que Deus criou o homem reto (Eclesiastes 7:29), sem pecado e capaz de sujeitar, dominar e governar a terra e tudo o que nela há (Gênesis 1:28). Depois, Adão se apartou de Deus e levou toda a nossa raça a cair com ele em seu pecado. Mas Deus, em seu grande amor por nós, caídos a partir de então, completamente inaptos para manter comunhão com o Deus Santo, enviou um segundo Adão, Jesus Cristo, o qual viveu a vida perfeita que nunca vivemos e morreu a morte culpada que merecíamos morrer. Cristo morreu pelos nossos pecados no sentido de que, na cruz, Ele fez EXPIAÇÃO DOS PECADOS que cometemos contra Deus. Jesus, morrendo como nosso substituto, absorveu em Si mesmo a ira de Deus contra os homens caídos e pecadores. Toda a dívida foi paga. Jesus mesmo disse: “Está consumado!” (João 19:30).

Em segundo lugar, a boa notícia da parte de Deus anuncia que JESUS FOI SEPULTADO, enfatizando que os sofrimentos foram tão extremos ao ponto de causar a morte de Jesus.

Em terceiro lugar, a boa notícia da parte de Deus anuncia que JESUS RESSUSCITOU AO TERCEIRO DIA PARA A JUSTIFICAÇÃO DE PECADORES (Romanos 4.25). Sua obra na cruz teve êxito na expiação dos nossos pecados, e isso de modo eficiente e suficiente para todos. Mas, sua ressurreição teve êxito na justificação pela fé de todo pecador que crê no Evangelho, e isso de modo eficaz somente para os que creem.

ETIMOLOGIA

O termo Evangelho vem do grego euanggelion, que significa boas novas. Era usado genericamente para relatar boas notícias a alguém. Foi usado por Jesus, e depois adotado pelos apóstolos que pregaram que a vinda do Messias na pessoa de Jesus Cristo era a boa notícia de que todas as promessas a respeito da salvação do homem estavam se cumprindo. Essa mensagem deve ser comunicada sem distorção (2 Coríntios 4:2). Jesus ordenou aos seus seguidores que o Evangelho fosse pregado a todo o mundo e a toda criatura (Mateus 28:19,20).

A FÉ NO EVANGELHO

E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, CRIDO NO MUNDO, recebido acima na glória. (1 Timóteo 3:16)

O Evangelho não é para ser obedecido ou seguido. O Evangelho é anunciado para ser crido. Lembremos que o Evangelho é uma boa notícia, um anúncio, uma pregação (retomaremos este assunto mais adiante).

A DEPRAVAÇÃO DA HUMANIDADE

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. (Romanos 3:23,24)

Todos os homens pecaram e foram destituídos da Glória de Deus. Mas, o que significa ser destituído da Glória de Deus? Significa dizer que todos os homens não podem mais se relacionar com Deus, não podem se dirigir ao Deus que é Santo demais para ter uma relação com homens caídos e pecadores. Portanto, os pecados dos homens criaram uma barreira entre Deus e os homens, de modo que Deus nem mesmo ouvia orações de pecadores. 

Desde a queda do homem no jardim do Éden, um plano de resgate, estabelecido desde antes da fundação do mundo, foi revelado à humanidade. Ao comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 3:1-7), Adão e Eva tornaram-se pecadores e caídos, sem nenhuma condição de autojustificação de seu erro. O ser humano estava condenado à morte espiritual, física e eterna por causa da sua rebelião contra Deus. Então todos os homens estavam condenados a passar a eternidade distante de Deus.

Na eternidade sem Deus, os homens estariam destituídos da presença de Deus eternamente. O pecado causou essa separação entre Deus e os homens, e essa separação nada mais é do que morte, pois Deus advertiu a Adão para que não comesse do fruto do conhecimento do bem e do mal, pois se comesse certamente morreria naquele mesmo dia. Então Adão e Eva morreram no mesmo dia em que comeram do fruto. Porém, após o pecado vemos que Adão ainda questionou a Deus, tentando pôr a culpa em Eva, e vemos ainda o casal sendo expulso do Paraíso por Deus.

A IMAGEM DE DEUS NO HOMEM FOI ARRUINADA

E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho À SUA SEMELHANÇA, CONFORME A SUA IMAGEM, e pôs-lhe o nome de Sete. E foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos, e gerou filhos e filhas. (Gênesis 5:3,4)

Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus. Essa imagem de Deus em Adão sofreu danos e foi totalmente arranhada quando Adão pecou, caiu e maculou a imagem de Deus. E isso fica bem claro quando Adão tem os primeiros filhos Caim, Abel e Sete. A Bíblia diz que Adão gerou filhos à sua imagem não mais a imagem de Deus, Adão gerou filhos conforme a sua semelhança e não mais conforme a semelhança de Deus, porque Adão não era mais conforme a imagem e semelhança de Deus.

A imagem de Adão era de um homem caído, maculado, pecador destituído da governança da terra e da presença de Deus. E é com esta imagem que Adão gerou filhos, e então a gente vê que logo depois Caim, o primeiro filho gerado conforme a imagem caída de Adão, matou a Abel seu irmão igualmente caído.

O LIVRE-ARBÍTRIO SEQUESTRADO PELO MAL

O Senhor viu que a perversidade do homem tinha aumentado na terra e que TODA A INCLINAÇÃO dos pensamentos do seu coração era SEMPRE E SOMENTE para o mal. (Gênesis 6:5)

Em seguida Deus mostra quão arruinada estava a imagem de Deus na humanidade, ao ponto de que toda a inclinação da mente humana era somente e continuamente voltada para o mal.

Então, temos duas situações:

1- O homem morto espiritualmente está inabilitado para manter comunhão com o Deus Santo;

2- O homem caído arruinou em si a imagem de Deus, e o seu arbítrio foi sequestrado pelo pecado para produzir o mal continuamente.

O Evangelho é o anúncio do resgate do homem de seu estado de queda, ruína e falência, escravizado pelo pecado para a prática do mal. O Evangelho é a proclamação da restauração da imagem de Deus no homem para que o ser humano possa voltar a ter comunhão com Deus através da obra de Cristo. Portanto, todo aquele que crê em Cristo se torna a imagem de Cristo, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29).

A MORTE NO DIA DA QUEDA

Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gênesis 2:17)

Deus disse a Adão que, se ele comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, então certamente morreria. Alguns críticos tentam usar esse versículo para mostrar uma inconsistência na Bíblia, uma vez que Adão e Eva não morreram no mesmo dia em que comeram desse fruto. No entanto, existem diferentes tipos de vida e existem diferentes tipos de morte. Uma pessoa pode estar fisicamente viva e espiritualmente morta (Efésios 2:1,5) e vice-versa (Mateus 22:32). Quando pecaram (Gênesis 3:7), Adão e Eva imediatamente perderam a sua vida espiritual, tornaram-se mortos para a comunhão com Deus, foram expulsos do Éden e foram destituídos do governo da terra. Eles se esconderam de Deus (Gênesis 3:8), mostrando que a morte espiritual se manifestou em uma separação e inaptidão para comunhão com Deus. Por isso sentiram vergonha de Deus.

Adão e Eva morreram ao serem expulsos do Paraíso. Naquele momento todos os homens foram destituídos da presença de Deus, eles não podiam mais se relacionar com Deus, e nem mesmo falar com Deus. Eles estavam destituídos, estavam mortos espiritualmente, porque é através do espírito que o homem mantém comunhão com Deus. Adão foi criado reto, mas Adão deixou de ser reto, ele caiu, e, nessa queda, o que ocorreu de fato foi a morte espiritual, que nada mais é do que a inabilidade para manter comunhão com Deus.

EM ADÃO TODOS MORREM 

Pois da mesma forma como EM ADÃO TODOS MORREM, em Cristo todos serão vivificados. (1 Coríntios 15:22)

Deus disse que Adão certamente morreria no dia em que pecasse. Mas houve um outro castigo anunciado por Deus: “Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, ATÉ QUE VOLTE À TERRA, visto que dela foi tirado; PORQUE VOCÊ É PÓ E AO PÓ VOLTARÁ". (Gênesis 3:19).

Então vemos duas sentenças de morte, uma morte espiritual e uma morte física. Paulo diz que em Adão todos os homens morrem uma morte espiritual. Quando Adão pecou nós pecamos nele, e não se trata do pecado original herdado de Adão. Não foi uma herança que recebemos de Adão. E sabemos disso porque a Bíblia afirma explicitamente que:

"Que é que vocês querem dizer quando citam este provérbio sobre Israel: "Os pais comem uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotam?" Juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que vocês não citarão mais esse provérbio em Israel. Pois todos me pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. Aquele que pecar é que morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem o pai levará a culpa do filho. (Ezequiel 18: 2-4,20)

Portanto, não morremos porque Adão pecou, e não herdamos o pecado de Adão, mas todos os homens pecaram com Adão. Este princípio é explicado em Hebreus 7:9,10: Pode-se até dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão, pois, quando Melquisedeque se encontrou com Abraão, Levi ainda estava no corpo do seu antepassado. Ou seja, o autor de Hebreus diz que Levi pagou o dízimo a Melquisedeque através de Abraão porque Levi, como descendente de Abraão, ainda não era nascido, mas estava no corpo de Abraão quando este pagou o dízimo a Melquisedeque. O mesmo acontece com o pecado de Adão, pois quando Adão pecou todos os homens pecaram através dele, porque todos os homens, como descendentes de Adão, estavam em substância no corpo de Adão. Então quando Adão pecou, todos pecaram, e por isso em Adão todos morreram espiritualmente no Éden.

Quanto à morte espiritual, os homens não morrem, mas já nascem mortos espiritualmente. Todos os homens morreram no Éden, quando Adão pecou e morreu, e todos os homens pecaram e morreram nele. Esta é a morte espiritual.

A morte física é a separação entre o espírito e o corpo, e a morte espiritual é a separação entre o espírito e Deus. Quando entendidos dessa maneira, os dois conceitos estão intimamente relacionados, e tanto a morte física quanto a morte espiritual são refletidas nas primeiras referências à morte no Éden.

MORTE FÍSICA

Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 6:23)

Além da morte espiritual imediata que Adão e Eva experimentaram, também começou neles o processo de morte física, mesmo que tenha levado muitos anos para que a morte tivesse o seu efeito completo. Isso porque estavam separados de Deus, sua fonte de vida, e esse processo não pode ser revertido.

Os homens não só pecaram em Adão, mas também pecaram por seus próprios atos de desobediência aos mandamentos da Lei de Deus, assim como Adão pecou pelos seus atos de rebeldia.

O salário do pecado é morte. Ou seja, o pecado cometido deve ser punido com a morte física, que neste caso é a volta do pecador ao pó. Então, a morte física ocorre por causa dos pecados cometidos pelos homens, e a morte espiritual ocorre por causa do pecado que todos os homens cometeram em Adão.

Ou seja, a morte física que entrou no mundo com o pecado de Adão (Romanos 5:12) afetou todas as coisas vivas. Todos os seres vivos começaram o processo de morrer quando o pecado entrou no mundo. Quando a morte física ocorre, há uma separação definitiva da força vital do corpo. Quando essa separação ocorre, não há nada que o homem possa fazer para revertê-la (até mesmo a comunidade médica reconhece a diferença entre morte clínica e morte biológica). O salário do pecado é a morte (Romanos 6:23), e a morte vem sobre todos os homens porque todos pecaram. Todos estão sujeitos à morte física por causa da presença do pecado neste mundo, bem como dos seus próprios pecados pessoais. De uma perspectiva humana, a morte física parece ser o castigo final, mas a Bíblia ensina que há significados mais profundos da morte a serem considerados.

MORTE ETERNA

Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. O LAGO DE FOGO É A SEGUNDA MORTE. (Apocalipse 20:14)

A Bíblia cita ainda a morte eterna, que se dá pela rejeição ao Evangelho anunciado. Os homens que rejeitam a boa notícia do Evangelho, e desprezam o sacrifício de Cristo para expiar os seus pecados, receberão a morte eterna. Assim, os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte. (Apocalipse 21:8).

Vemos isso na pregação de Jesus Cristo dizendo que o homem é condenado por negar o Filho de Deus e a sua mensagem (João 3:18), o Evangelho que Jesus ordenou para os seus discípulos pregar. Mas, o vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte (Apocalipse 2:11).

Para aqueles que se recusam a aceitar a salvação de Deus, o estado de morte espiritual se eterniza na “segunda morte” (Apocalipse 20:14). Essa morte eterna não é aniquilação, como alguns ensinam, mas é um castigo consciente e eterno no lago de fogo, descrito como uma separação eterna da presença do Senhor (2 Tessalonicenses 1:9). Jesus também falou dessa eterna separação de Deus em Mateus 25:41 e identificou o tormento consciente dos indivíduos na história do homem rico e Lázaro (Lucas 16:19-31). 

Deus não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (2 Pedro 3:9), para que não tenham que permanecer espiritualmente mortos. Arrepender-se significa afastar-se do pecado, o que inclui confessar o pecado a Deus com tristeza por violar a sua santidade. Aqueles que receberam a salvação de Deus passaram da morte para a vida (1 João 3:14), e a segunda morte não tem poder sobre eles (Apocalipse 20:6).

A segunda morte é uma morte na medida em que é uma separação eterna entre os incrédulos e Deus, o Doador da vida. A segunda morte é exclusivamente para aqueles que rejeitaram o Evangelho de Cristo. Não é algo que os crentes em Cristo devam temer.

A REGENERAÇÃO ESPIRITUAL

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. (Romanos 3:23,24)

A vida que Deus soprou em Adão (Gênesis 2:7) foi mais do que apenas vida animal; foi o sopro de Deus, resultando em um ser com uma alma. Adão foi criado espiritualmente vivo, ligado a Deus de uma maneira especial. Ele desfrutava de um relacionamento com Deus, mas quando pecou, esse relacionamento foi quebrado, e Adão morreu espiritualmente, fazendo com que todos os seus descendentes já nasçam espiritualmente mortos. 

A morte espiritual tem implicações antes e depois da morte física. Embora Adão ainda estivesse fisicamente vivo (mas começando o processo de morrer), ele se tornou espiritualmente morto, separado do relacionamento com Deus.

Nesta vida presente na terra, o efeito da morte espiritual é a perda do favor de Deus, bem como do conhecimento e do desejo por Deus. As escrituras deixam claro que todos começam a vida já espiritualmente mortos em delitos e pecados (Efésios 2:1-5), resultando em uma vida focada em nossos desejos pecaminosos. 

Jesus ensinou que o remédio para a morte espiritual é a vivificação do espírito humano, um novo nascimento espiritual (João 3:3-5) através da fé no Evangelho de Jesus. Esta nova criação é uma reconexão com a fonte da vida, que Jesus retratou em João 15:1-6. Ele é a videira e nós somos os ramos. Sem estarmos ligados a Ele, não temos vida em nós, mas quando temos Jesus, temos vida real (1 João 5:11,12).

O novo nascimento é um nascimento espiritual, santo e celestial que resulta no crente sendo vivificado espiritualmente. O homem em seu estado natural está morto em seus delitos e pecados até ser vivificado (regenerado) por Cristo. Isso acontece quando ele coloca a sua fé em Cristo (Efésios 2:1).

Após a regeneração, o crente passa a buscar as coisas divinas, a viver uma vida de fé e santidade. Agora Cristo está formado no coração do crente que passa a ser participante da natureza divina, e feito nova criatura (2 Coríntios 5:17). A regeneração nos faz filhos de Deus (João 1:12,13), pois éramos filhos da ira (Efésios 2:3; Romanos 5:18-20).

O único meio de regeneração é pela fé na obra consumada de Cristo na cruz. Nenhuma quantidade de boas obras ou de observância da lei pode vivificar o espírito morto. Somente Cristo oferece uma cura para a depravação total do coração humano. Não precisamos de uma renovação, reforma ou reorganização; precisamos de renascimento.

O EVANGELHO É PARA TODOS OS HOMENS

“Se trabalhamos e lutamos é porque temos colocado a nossa esperança no Deus vivo, O SALVADOR DE TODOS OS HOMENS, ESPECIALMENTE DOS QUE CREEM. (1 Timóteo 4:10).

Em sua morte, Cristo fez a expiação dos pecados de todos os homens. Em sua ressurreição, Cristo trouxe a justificação aos pecadores que creem no Evangelho. Quando entendido dessa maneira, compreendemos que Jesus é o salvador de todos os homens no que tange à expiação de pecados, mas especialmente dos que creem no que tange à justificação de pecadores arrependidos.

Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo. (1 João 2:2)

Por Adão o pecado entrou no mundo, e pelo pecado a morte, de modo que a morte alcançou a todos os homens, porque todos os homens pecaram e se tornaram pecadores (Romanos 5:12). Então a obra expiatória de Cristo alcançou todos os pecados de todos os homens, anulando as consequências do pecado de Adão.

Mas, ao examinar esta questão, a primeira reação dos críticos é alegar que se Cristo expiou os pecados de todos os homens, então todos os homens serão salvos por meio da obra expiatória de Cristo. Mas isso resulta numa heresia chamada universalismo, a qual sustenta que porque Cristo morreu pelos pecados de todas as pessoas, e porque todos os pecados da humanidade foram punidos em Cristo, então todos os homens serão salvos.

E também houve entre o povo FALSOS PROFETAS, como entre vós haverá também FALSOS MESTRES, que introduzirão encobertamente HERESIAS de perdição, e NEGARÃO O SENHOR QUE OS RESGATOU, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. (2 Pedro 2:1). 

Pedro nos mostra que Cristo resgatou até mesmo falsos profetas e falsos mestres que hereges e negam o Senhor Jesus que os resgatou. Ou seja, de fato o resgate foi pago pelos pecados de todos os homens, até mesmo pelas heresias dos falsos profetas e falsos mestres.

No entanto, a salvação não consiste apenas na expiação dos pecados mediante a morte de Cristo na cruz. A salvação é, e sempre foi, pela graça mediante e em resposta à fé do pecador. Cristo foi entregue à morte para a expiação de PECADOS e ressuscitou para a justificação de PECADORES (Romanos 4:25).

Vocês são salvos pela graça, por meio da fé. Isso não vem de vocês; é uma dádiva de Deus. (Efésios 2:8).

A justificação ocorre pela fé (Romanos 5:1), sendo, portanto, uma resposta à fé do pecador arrependido. Quando entendido dessa maneira, compreendemos que a expiação atua sobre os pecados, enquanto a justificação mediante a fé atua sobre os pecadores arrependidos. Sendo assim, Jesus é o salvador de todos os homens, especialmente dos que creem. (1 Timóteo 4:10).

Assim, a obra de Cristo anulou todas as consequências do pecado de Adão através da expiação dos pecados. Mas, ao ressuscitar para operar a justificação pela fé aos que creem, também superou toda as consequências do pecado de Adão. O primeiro Adão apenas morreu. Cristo morreu, mas ressuscitou para que onde o pecado de Adão abundou, superabundasse a graça de Deus (Romanos 5:20).

Por isso, devemos oferecer o Evangelho a todos; entretanto, apenas aqueles que respondem com fé à mensagem do Evangelho serão justificados em sua condição espiritual. Um pregador do Evangelho deve pregar ao pecador: “Cristo morreu pelos seus pecados!” tendo a certeza que Cristo realmente morreu pelos pecados de todos os homens, caso contrário haveria um problema de idoneidade na oferta do Evangelho a toda criatura, pois, ao pregar para qualquer pessoa dizendo que Cristo morreu por ela, o pregador incorreria numa mentira, visto que ele mesmo não crê que Cristo realmente morreu pelos pecados de todos os seres humanos.

CRISTO SALVA O HOMEM DA IRA DE DEUS

Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. (Romanos 5:8,9)

Muitos dizem que se Cristo expiou os pecados de todos os homens, então todos os homens devem ser salvos. Mas isso é um erro que se dá pela suposição de que a salvação dos homens se dá apenas pelo ato de Cristo pagar pelos nossos pecados na cruz. Mas a Bíblia é clara ao dizer que não existe salvação sem a fé.

O texto acima mostra o verbo morrer no pretérito perfeito do indicativo, demonstrando um evento perfeito ocorrido e concluído no passado. O texto também mostra, no gerúndio condicional, a expressão “tendo sido”, indicando algo que aconteceu no passado e ainda continua reverberando no presente. E por fim o texto apresenta o verbo ser no futuro, indicando algo que ainda vai ocorrer.

Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu para expiar os pecados dos homens, sendo os homens ainda pecadores. Mas agora, os pecadores arrependidos que creram, tendo sido justificados, serão salvos por Cristo da ira de Deus que há de vir sobre os homens. Assim, o que importa é que quando éramos pecadores Cristo morreu por nós, e isso é expiação. Cristo morreu pelos pecadores quando todos eles ainda eram pecadores. Mas agora, somente os justificados pela fé serão salvos da ira de Deus, que é a morte eterna, o lago de fogo.

A salvação da ira se dará na revelação do Senhor Jesus, quando ele vier do céu. Virá com seus anjos poderosos, em chamas de fogo, tomando vingança e trazendo juízo sobre os que não conhecem a Deus e sobre os que rejeitam ao Evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles serão punidos com destruição eterna, separados para sempre da presença do Senhor e de seu glorioso poder. No dia em que ele vier, receberá glória de seu povo santo e louvores de todos os que creem, os justificados. (2 Tessalonicenses 1:7-10)

Então somente os justificados serão salvos da ira eterna. A salvação se completa na justificação do pecador mediante a fé, e não na expiação dos pecados. Os justificados serão salvos da ira, e não apenas salvos dos pecados, porque Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. A questão dos pecados está resolvida, consumada na cruz, onde Cristo pagou por todos os pecados (1 João 2:2). Mas, agora a situação é outra, a salvação da ira de Deus que a de vir sobre a terra trazendo o juízo final e a condenação da morte eterna como vingança sobre os que não conhecem a Deus e sobre os que rejeitam ao Evangelho de nosso Senhor Jesus. E nesta situação, quem crê em Cristo não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus (João 3:18).

Para satisfazer a SUA JUSTIÇA que exige que a transgressão da Lei de Deus resulte em condenação do transgressor, e o preço exigido é a morte (Romanos 6:23), Deus amou o mundo, e enviou o seu Filho para EXPIAR OS PECADOS DE TODOS OS HOMENS para que com o seu sangue anulasse o escrito de dívidas que era contra todos os homens, pagando a pena.

Em SUA MISERICÓRDIA, Deus propôs JUSTIFICAR gratuitamente pela SUA GRAÇA todos OS HOMENS que depositaram SUA FÉ EM JESUS.

Em SUA IRA, Deus se VINGARÁ de todos OS HOMENS que REJEITARAM a redenção que há em Cristo Jesus, e RECUSARAM sua proposta de justificação pela fé e a mensagem da RECONCILIAÇÃO com Deus. Sobre estes a ira de Deus virá trazendo JUÍZO E CONDENAÇÃO, banindo-os ETERNAMENTE da presença de Deus.

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação PELA FÉ no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja JUSTO e JUSTIFICADOR daquele que TEM FÉ em Jesus. (Romanos 3:23-26).

O ÚNICO EVANGELHO

Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o Evangelho de Deus. (Romanos 1:1)

Ouço muito dizer que há vários Evangelhos. Mas será que isso é verdadeiro?

Jesus durante o seu ministério terreno nos ensinou que deveríamos praticar tudo que ele ensinasse (Mateus 7:24), e, se crêssemos, poderíamos fazer as mesmas obras que Ele fez (João 14:12). E para assegurar que eles não esqueceriam os seus ensinamentos, que receberam durante três anos, prometeu o Espírito Santo (João 14:26). 

Se o Evangelho que Jesus pregou fosse diferente do nosso, Ele, com certeza, não teria dito tais coisas, e tampouco nós poderíamos considerar qualquer ensinamento de Jesus antes da sua morte, pois seria observar um outro Evangelho, e não o nosso. 

Todavia, percebe-se que os seus discípulos pregavam o que tinham aprendido com o seu mestre (Atos 4:20, 1 João 1:3), e que não faziam distinção entre dois Evangelhos (Atos 20:24,25), mas, pelo contrário, consideravam um único Evangelho, por mais que este fosse chamado por vários nomes, como veremos a seguir:

1) Evangelho do Reino (Mateus 4:23)

2) Evangelho da Glória do Deus Bendito (1 Timóteo 1:11)

3) Evangelho (Mateus 11:5)

4) Evangelho do Reino de Deus (Marcos 1:14)

5) Evangelho de Jesus Cristo (2 Coríntios 2:12)

6) Evangelho da Graça de Deus (Atos 20:24)

7) Evangelho de Deus (Romanos 1:1)

8) Evangelho da Paz (Efésios 6:15)

9) Evangelho da Glória de Cristo (2 Coríntios 4:4)

10) Evangelho de Cristo (1 Coríntios 9:18)

11) Evangelho de Paulo (Romanos 2:16; 2 Coríntios 4:3)

12) Evangelho da Incircuncisão (Gálatas2:7)

13) Evangelho da Vossa Salvação (Efésios 1:13)

14) Evangelho Eterno (Apocalipse 14:6)

15) Evangelho da Circuncisão (Gálatas2:7)

Quando a Bíblia cita o Evangelho da graça, o Evangelho da glória, o Evangelho da paz etc. está citando características da mensagem anunciada, dizendo que é de graça, que o objetivo do Evangelho é a glória de Deus e daqueles que receberão a glorificação, que é uma mensagem de paz e eterna. Quanto ao Evangelho da circuncisão e da incircuncisão tem a ver apenas com os destinatários da pregação da mensagem. Incircuncisão refere-se à pregação aos gentios, e circuncisão refere-se à pregação aos judeus.

A Bíblia diz que o Evangelho foi pregado primeiramente a Abraão (Gálatas 3:8), muito embora a profecia exista desde o Éden. Abraão creu no Evangelho pregado a ele por Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ou seja, a justificação mediante a fé no Evangelho, é isto que salva o pecador.

Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para DAR TESTEMUNHO DO EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS. E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei PREGANDO O REINO DE DEUS, não vereis mais o meu rosto. (Atos 20:24,25)

Há ainda os que creem de uma forma diferente na existência de dois Evangelhos. Eles dizem que o Evangelho que foi pregado por Jesus e seus discípulos, antes da morte de Jesus, foi o Evangelho do Reino, e que o Evangelho que Jesus ordenou que seus discípulos pregassem após a sua morte e ressurreição é outro Evangelho, chamado de Evangelho da Graça. 

Como acreditar nesta teoria se Jesus após a sua ressurreição passou 40 dias com seus discípulos falando-lhes a respeito do Reino de Deus? (Atos 1:3). Visto que Evangelho significa boas novas, e certamente Jesus passou 40 dias com seus discípulos falando acerca das boas novas do Reino de Deus, ou seja, do Evangelho do Reino de Deus, como ele fazia antes. (Mateus 4:23; Lucas 4:43).

Como acreditar nesta teoria se o apóstolo Paulo afirmou que pregava o Reino de Deus? (Atos 20:25) Como acreditar nesta teoria se o escritor de Hebreus nos assegurou que o Evangelho que ouvimos para nossa salvação começou a ser anunciado por Jesus (antes da sua morte) e depois pelos que dele ouviram? (Hebreus 2:1-4).

Paulo dava testemunho do Evangelho da graça pregando o Evangelho do Reino. Ou seja, Paulo pregava a salvação pela graça como chave de acesso ao Reino de Deus.

Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas as nações, e então chegará o fim. (Mateus 24:14)

Mas, há outra corrente teológica que afirma que o Evangelho do Reino, citado em Mateus 24:14, não se refere ao Evangelho que pregamos hoje, mas sim ao Evangelho do Reino Milenar de Cristo. Porém, se fizermos um estudo exegético dos livros do Novo Testamento descobriremos que o Evangelho do Reino, citado em Mateus 24:14, é o mesmo Evangelho que Jesus pregou e mandou que seus discípulos pregassem. Em segundo lugar, o texto de Mateus 24:14 não traz a palavra “MILENAR”, não deixando, assim, margem para tal interpretação.

Observem que Jesus disse em Mateus 24:14: "ESTE Evangelho do Reino”. Portanto, não é OUTRO Evangelho. Afinal, não há outro Evangelho a ser pregado!

Notem também que o Evangelho que o Nosso Senhor Jesus Cristo pregava, sempre foi o Evangelho do REINO, que aliás, é o mesmo Evangelho da GRAÇA! Afinal só há UM Evangelho!

Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro Evangelho, O QUAL NÃO É OUTRO; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o Evangelho de Cristo. (Gálatas 1:6,7)

Muitos dizem ainda que existem falsos Evangelhos sendo pregado na cristandade. Mas será que isso é verdade?

Paulo se surpreendeu que os gálatas estivessem passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo indo atrás de outro Evangelho, o qual não é outro, senão que há algumas pessoas que querem perverter o Evangelho de Cristo. Contudo Paulo refutou dizendo que ainda que um verdadeiro apóstolo de Cristo ou mesmo um anjo de Deus pregue Evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.

Assim, Paulo deixa claro que não se trata de outros Evangelhos, mas sim que há alguns falsos crentes infiltrados para perverter o Evangelho de Cristo com acréscimos que vão além do Evangelho do reino que recebemos do Senhor e de seus apóstolos.

A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS

O Evangelho do Reino é o único Evangelho de Deus pregado por João Batista, pelo Senhor Jesus Cristo, por seus apóstolos e por sua Igreja.

O Evangelho do Reino consiste na restauração das coisas e ao retorno das coisas ao modo original. É a reconciliação de todas as coisas, a renovação de todas as coisas e a redenção de todas as coisas ao estado original como criado por Deus, quando Deus disse que tudo era bom.

A própria natureza criada por Deus aguarda, com grande expectativa, a restauração de todas as coisas, na esperança de que a própria natureza criada seja libertada da escravidão do pecado e da decadência da morte em que se encontra. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto. E não só isso, mas também os filhos de Deus, nós os que somos selados pelo Espírito Santo, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo deste estado de morte (Romanos 8:19-23).

Esta aguardada redenção de nosso corpo físico se dará porque este corpo de morte não pode herdar o reino de Deus. Este corpo mortal não pode herdar aquilo que durará para sempre. Por isso, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados a fim de viver para sempre, pois nosso corpo mortal precisa ser transformado em corpo imortal.

O pecado foi vencido por Cristo na cruz. Mas, sabemos que o último inimigo a ser destruído é a morte. Porém, quando nosso corpo mortal tiver sido transformado em corpo imortal, a morte será derrotada.

Mas graças a Deus, que nos dá vitória sobre o pecado e sobre a morte por meio de nosso Senhor Jesus Cristo! (1 Coríntios 15:50-57).

A restauração de todas as coisas estabelece o Reino de Deus, e retoma o que Adão perdeu. Ele deveria governar e dominar a terra sujeitando-a a si mesmo. Mas, Adão foi dominado e se sujeitou de forma que o diabo pôde estabelecer o seu império das trevas, e se tornou o príncipe deste mundo e o deus deste século. Adão perdeu, e consequentemente todos os homens perderam com ele o governo da terra. Por isso o diabo pôde oferecer todos os reinos do mundo a Cristo na tentação do deserto.

Como alguém pode dar uma coisa que não lhe pertence, ou que não está sob o seu domínio? Mas a Bíblia é clara ao dizer que do Senhor Deus é a Terra e a sua plenitude (1 Coríntios 10:26). No entanto, a Terra Deus deu aos filhos dos homens (Salmos 115:16), mas Adão perdeu o governo, perdeu o domínio quando ouviu e obedeceu às palavras de satanás, a antiga serpente. Mas, temos a boa notícia do Evangelho que diz que o Filho de Deus se manifestou como homem, o segundo Adão, para desfazer as obras do diabo (1 João 3:8), retomando e restaurando todas as coisas até o fim, quando Cristo entregará o reino a Deus, seu Pai, e quando Cristo tiver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força das trevas. Porque convém que Ele reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. (1 Coríntios 15:24-26)

A RECONCILIAÇÃO ENTRE DEUS E OS HOMENS

Pois, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens. E ele nos deu esta mensagem maravilhosa de reconciliação. Agora, portanto, somos embaixadores de Cristo; Deus faz seu apelo por nosso intermédio. Falamos em nome de Cristo quando dizemos: "Reconciliem-se com Deus!". Pois Deus fez de Cristo, aquele que nunca pecou, a oferta por nosso pecado, para que por meio dele fôssemos declarados justos diante de Deus. (2 Coríntios 5:19-21).

A Bíblia diz que Cristo nos reconciliou com Deus (Romanos 5:10; 2 Coríntios 5:18; Colossenses 1:20,21). O fato de que precisávamos de reconciliação significa que nosso relacionamento com Deus estava rompido. Já que Deus é santo, a culpa era toda nossa. Nosso pecado nos separou de Deus (Isaías 59:2). 

A expiação de nossos pecados removeu a separação que existia entre Deus e os homens, permitindo que homens sejam reconciliados com Deus. Mas para isso é necessário que os crentes sejam os embaixadores de Cristo, anunciando aos homens que agora eles podem reconciliar-se com Deus, mediante a fé em Jesus.

A famosa declaração de Jesus em João 3:16 explica como os homens podem reconciliar-se com Deus: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Nesta passagem, encontra-se a condição necessária para que a reconciliação seja ativada: “todo aquele que nele crê”.

Quando João Batista surgiu no cenário judaico ele pregava o Evangelho do Reino, dizendo: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus". (Mateus 3:1,2)

Depois Jesus Cristo trouxe a mesma mensagem de João Batista, pregando o evangelho do reino de Deus, e dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho. (Marcos 1:14,15).

Paulo pregou a mesma mensagem dizendo: “Mas Deus, não leva em conta os tempos da ignorância, mas agora anuncia a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam.” (Atos 17:30)

Pedro e os demais apóstolos também pregaram o arrependimento e a fé para a salvação do pecador. E isso é tão sério que o pecador pode negligenciar uma doutrina, fazer a obra como madeira, palha ou feno, desobedecer a uns mandamentos e ainda assim ser salvo como pelo fogo, pela fé no Evangelho.

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, PORQUANTO não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.  (João 3:16-21).

Jesus foi para a cruz para salvar todo aquele que nele crê. E crer aqui envolve fé na sua palavra, na sua pessoa, e na sua obra para que tenham a vida eterna e não venham a perecer. Porque Deus enviou o seu filho ao mundo não para que Ele condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele. Mas Deus colocou uma condição para a salvação: a fé. 

A condenação vem sobre aquele que recusa a mensagem do Evangelho porque não crê no nome do unigênito filho de Deus. E esta recusa se dá porque muitos homens amam mais as trevas do que a luz. Eles odeiam a luz e se recusam a vir para a luz porque não querem renunciar às suas obras pecaminosas e reprováveis nas quais se deleitam. Mas, aqueles que têm temor do Senhor e praticam a verdade vem para a luz a fim de que suas obras sejam manifestas porque são feitas em Deus.

Aqueles que rejeitam o Evangelho de Cristo e não creem no seu nome não querem saber do Evangelho porque o Evangelho oferece a reconciliação com o Deus Santo. Mas, eles são devassos e profanos em seus corações inclinados somente e continuamente para o mal.

O mal é o egoísmo, é o ensimesmamento em detrimento do próximo. A mensagem da Bíblia é unânime: “uns aos outros”.

Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. (1 João 3:11).

Se há uma expressão que possa resumir toda a doutrina cristã é: UNS AOS OUTROS. A ordem de Jesus é para negarmos o EU. Logo, o aquele que não nega a si mesmo é mal porque colide contra o conceito cristão de "uns aos outros".

A fé cristã é sempre UNS AOS OUTROS. Por isso, devemos:

● Exortar e edificar uns aos outros. - 1 Tessalonicenses 5:11;

● Amar uns aos outros. - João 15:17;

● Honrar uns aos outros. - Romanos 12:10;

● Sujeitar-nos uns aos outros. - Efésios 5:21;

● Saudar uns aos outros. - 2 Coríntios 13:12;

● Ser hospitaleiros uns para com os outros. - 1 Pedro 4:9;

● Consolar uns aos outros. - 1 Tessalonicenses 4:18;

● Ser benigno e misericordioso uns para com os outros. - Efésios 4:32;

● Perdoar uns aos outros. - Efésios 4:32;

● Suportar e perdoar uns aos outros - Colossenses 3:13 - Efésios 4:2;

● Considerar uns aos outros. - Hebreus 10:24;

● Esperar uns pelos outros. - 1 Coríntios 11:33;

● Confessar os pecados uns aos outros. - Tiago 5:16;

● Orar uns pelos outros. - Tiago 5:16;

● Ter cuidado uns dos outros. - 1 Coríntios 12:25;

● Levar as cargas uns dos outros. - Gálatas 6:2;

● Não mentir uns aos outros. - Colossenses 3:9;

● Receber uns aos outros. - Romanos 15:7;

● Não nos queixar uns contra os outros. - Tiago 5:9;

● Não julgar uns aos outros. - Romanos 14:13;

● Ter comunhão uns com os outros. - 1 João 1:7;

● Ter paz uns com os outros. - Marcos 9:50;

● Admoestar uns aos outros. - Hebreus 10:25;

● Servir uns aos outros pelo amor. - Gálatas 5:13;

● Ensinar uns aos outros. - Colossenses 3:16.

Jesus ensinou que o homem deve amar o próximo como a si mesmo, amar ao seu inimigo, e deixou o exemplo de amor prático de Deus que deu o seu Filho, do ato de amor do bom pastor que deu a sua vida pelas ovelhas, e da atitude amorosa do bom samaritano que socorreu o inimigo. Mas, as pessoas egocêntricas não querem a reconciliação com Deus. Isso não interessa para elas, pois se sentem confortáveis em seus pecados sendo inimigas de Deus, estando distantes de Deus. Assim, elas rejeitam o Evangelho, odeiam a mensagem da cruz, e amam as trevas.

Eu disse que o Evangelho não é para ser obedecido, mas sim para ser crido. Então os incrédulos poderiam crer e continuar com as suas práticas pecaminosas? Não. Porque crer no Evangelho resulta em reconciliação com Deus, e essa reconciliação traz consigo a regeneração criando uma criatura renascida em Deus, e que tem um novo espírito vivificado. Esta nova criatura, ama luz, vive o uns aos outros, ama ao próximo como a si mesmo, ama o seu inimigo com amor prático, ama a Deus e no seu homem interior tem prazer na lei de Deus, e não comete pecado porque a semente de Deus permanece nela; e não pode pecar, porque é nascida de Deus (1 João 3:9; Romanos 7:22).

As novas criaturas são amigas de Deus, e são habitadas pelo Espírito Santo. Assim, elas amam o Evangelho e a luz, e não se sentem confortáveis em seus pecados, vivendo uma vida de constante luta contra carne até receberem a redenção de seus corpos.

O Evangelho é um anúncio de uma boa notícia de reconciliação de Deus com os homens. Mas essa reconciliação transforma o homem arrependido, crente e reconciliado numa pessoa santa, reta e apta a ter comunhão com Deus, que vive num processo de santificação e que foi justificado pela fé. Então, não é que o crente tenha que obedecer ao Evangelho para ser salvo, mas ao contrário, já que o crente é salvo então ele passa a obedecer naturalmente à Lei de Deus, guardando as doutrinas e os mandamentos cristãos para a glória de Deus o qual galardoará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, honra e incorrupção; Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade. (Romanos 2:6-8). 

Sim, a vida eterna é um galardão que Deus dará àqueles que creem, e que, pela fé, foram justificados e que tiveram o arbítrio resgatado fazer o bem, e não verão a segunda morte.

Mas a ira de Deus virá sobre aqueles que se recusaram a crer no Evangelho, e que amaram mais as trevas do que a luz, e tiveram prazer nas suas obras pecaminosas e reprováveis. Estes verão a segunda morte.

A MENSAGEM DA RECONCILIAÇÃO QUE DEVEMOS PREGAR

Porque João veio para lhes mostrar o caminho da justiça, e vocês não creram nele, mas os publicanos e as prostitutas creram. E, mesmo depois de verem isso, VOCÊS NÃO SE ARREPENDERAM PARA CRER NELE. (Mateus 21:32)

Deus nos confiou a missão de anunciar a mensagem de reconciliação. Porque Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo, não mais considerando os pecados dos homens como razão de acusação contra eles. Eis pois a mensagem que pregamos (2 Coríntios 5:18,19). Porque Deus tem tolerado a ignorância dos homens acerca do Evangelho, mas agora Deus ordena a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam e creiam no Evangelho. Pois marcou um dia para julgar o mundo com justiça através de Jesus, o juiz designado por Deus para julgar o mundo. E deu a todos uma sólida razão para crerem nele, ressuscitando-o da morte (Atos 17:30). Por isso, não há condenação alguma para os homens que creem. Mas os homens que não creem na mensagem de Cristo já estão condenados porque não creem na mensagem do Filho único de Deus (João 3:18).

Vemos hoje a pregação que não expõe o pecado e não apresenta a lei de Deus aos homens. Há uma grande quantidade de pastores que realmente acreditam que a maneira de levar o incrédulo à conversão não é dizendo que ele é pecador, mas dizendo “Deus ama você”, e assim eles aniquilam essa mensagem da Lei.

Paulo diz que a lei que nos conduziu a Cristo. Ou seja, se quisermos que os ímpios se convertam a Cristo, temos que fazer com que eles se vejam separados e distantes de Deus por causa dos seus pecados, para que se vejam como transgressores da lei e inimigos de Deus, para que venham a se arrepender para crer em Jesus. Na pregação do Evangelho é mandatório que o pecador tenha consciência de pecado. É por isso que o Espírito Santo veio para convencer o mundo do pecado porque os ímpios não creem em Jesus (João 16:8,9).

Hoje os pecadores são vistos como vítimas. Eles ouvem o tempo inteiro de psicólogos e até de pastores da hiper graça, que criaram o dogma da autoestima, que eles têm que ser felizes e que Deus os ama. Mas, na verdade eles precisam ouvir que são pecadores separados de Deus.

O Evangelho começa com a lei dizendo que a ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça, dizendo que os homens são por isso indesculpáveis porque tendo conhecimento de Deus não o glorificam como Deus e nem lhe dão graças.

Se você retirar a ira de Deus da Bíblia vai sobrar bem pouca coisa para pregar. Primeiro devemos mostrar ao homem que ele é pecador, mostrar que a ira de Deus virá sobre todos os pecadores, e só depois dizer que a graça de Deus se manifestou em Cristo, trazendo salvação a todos os homens (Tito 2:11).

Tanto a ira quanto a graça de Deus se manifestam. O amor de Deus se manifestou na expiação dos pecados. A graça se manifesta na salvação dos que creem. A ira se manifestará na condenação dos que não creem.

CONCLUSÃO

Deus não abandonou os homens. Ainda no Éden, em meio à explicação da dura realidade que Adão, Eva e todos os seus descendentes teriam que viver, Deus anunciou a razão pela qual eles não seriam destruídos: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gênesis 3:15).

O que Deus revelou a Adão e Eva em sua maldição contra a serpente trata de uma realidade mais abrangente do que apenas uma maldição sobre um animal. Deus disse que o Descendente da mulher, o Messias, seria ferido pelo diabo, mas no final, ele esmagaria a cabeça do inimigo, conquistando a vitória final sobre o pecado e sobre a morte.

Ao longo da história, o plano de salvação foi sendo revelado aos homens pelos profetas de Deus (Hebreus 1:1), até que na plenitude dos tempos (Gálatas 4:1-5), Jesus veio tirar-nos da condenação da Lei, ratificando o direito do ser humano à vida eterna mediante à sua graça, justiça e perdão. 

Diante da condição inerente de pecado do ser humano, Deus anunciou ao longo da história que Ele enviaria o seu Ungido para libertar o seu povo dos seus pecados. É essa história do plano da salvação que a Bíblia chama de Evangelho.

Antes da manifestação de Jesus, os homens só mantinham alguma comunhão com Deus através da benevolência (graça) do Senhor (Gênesis 6:8) ou através do sacrifício expiatório de animais. Neste caso, cada animal sacrificado a Deus pelos patriarcas, e posteriormente no santuário israelita, era um símbolo evangélico que apontava para o perfeito e suficiente sacrifício substitutivo de Jesus. 

A transgressão da Lei de Deus resultou em condenação do transgressor à pena de morte (Romanos 6:23). Porém, Cristo assumiu sobre Si a responsabilidade pelo pecado e ofereceu-se a Si mesmo como o perfeito sacrifício expiatório, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). Sua morte, portanto, era a ratificação da promessa de Deus de resgatar e salvar o homem.

A graça do Evangelho não exclui a vontade de Deus expressa em sua Lei. O pecado se define pela Lei (Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 5:6-21; 6:4,5; Levítico 19:18). Jesus veio para cumprir a Lei no sentido de levar a sua obediência à essência, cumprindo com perfeição todos os requisitos legais, tudo o que a Lei demanda. 

Como resultado de sua vida perfeita, de seu sacrifício expiatório e ressurreição, hoje Ele oferece gratuitamente sua perfeita justiça ao pecador. A única condição para se receber tal justiça é ter fé em Jesus – crer que Ele morreu pelos nossos pecados.

Continuamente consagrados a Jesus somos moldados pelo Espírito Santo e transformados à imagem de Deus (2 Coríntios 3:18) para viver uma vida de amor, santidade e obediência aos seus mandamentos.

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós,  A FIM DE REMIR-NOS DE TODA INIQUIDADE E PURIFICAR, PARA SI MESMO, UM POVO EXCLUSIVAMENTE SEU, ZELOSO DE BOAS OBRAS” (Tito 2:11-14).

O objetivo de Deus é remir um povo de toda a iniquidade. Isto ocorreu na morte de Cristo, na expiação dos pecados realizada da cruz. 

O objetivo de Deus é purificar este povo remido. Isto acontece na justificação dos pecadores quando creem em Jesus Cristo.

O objetivo de Deus é fazer deste remido e justificado um povo zeloso de boas obras. Isto se dá na santificação. 

O objetivo de Deus é ter um povo exclusivo, remido, justo e santo onde cada homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. (2 Timóteo 3:17). E tudo isso é uma realidade porque Cristo com um só sacrifício aperfeiçoou para sempre os que são santificados. (Hebreus 10:14)

Crer no Evangelho é crer no sacrifício expiatório de Cristo, ter a consciência do perdão recebido e depender totalmente de Deus e de sua provisão para nos salvar. O resultado da salvação são os frutos da graça, dom de Deus: amor, justiça e obediência às suas leis (Gálatas 5:22; João 14:15; Efésios 2:8-10). 

Se em algum momento da caminhada cristã houver um afastamento de Deus e de sua Palavra, é urgente voltar-se para Deus, com fé e arrependimento, tendo a certeza de que podemos nos achegar confiadamente ao trono da graça a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro divino (Hebreus 4:16).

Como Deus ama tanto os homens e não deseja que nenhum deles se perca, passando a eternidade longe dele, Ele decidiu enviar o Seu próprio Filho para morrer no nosso lugar e pagar o preço pelos nossos pecados (1 João 4:10). Todo aquele que crê no Evangelho de Jesus, crê na sua morte e na sua ressurreição, tem o suficiente para restaurar a sua comunhão com Deus, o preço já foi pago. 

Aquele que crê não sofrerá o dano da segunda morte (Apocalipse 2:11) porque crê que Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus (1 Pedro 3:18), levando, Ele mesmo, em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça. (1 Pedro 2:24).

O EVANGELHO DE CRISTO É O PODER DE DEUS PARA SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ. (Romanos 1:16)